A Procuradoria Geral de Illinois acusou ontem a Igreja Católica no estado de ocultar o nome de mais de 500 padres acusados de abuso sexual contra crianças e de desconsiderar as queixas recebidas.
Em relatório, a procuradora Lisa Madigan afirma que a Igreja “muito frequentemente ignorou sobreviventes de ataques sexuais cometidos por clérigos”.
A investigação de Madigan teve início em agosto, após a divulgação de um relatório da Suprema Corte da Pensilvânia que acusou 301 “padres predadores” de abusar de mais de mil menores no estado. Os crimes teriam sido acobertados pela Igreja Católica.
Num primeiro momento, apenas duas das seis dioceses de Illinois divulgaram a lista de clérigos que teriam sido acusados de forma “crível” de abusar sexualmente de crianças. Como resultado da investigação, as outras quatro dioceses publicaram listas semelhantes.
Ao todo, 185 membros da Igreja foram identificados publicamente pelas dioceses. Mas o escritório de Madigan, revisando os arquivos e documentos, descobriu ao menos outros 500 clérigos que sofreram algum tipo de acusação.
Os casos não foram investigados adequadamente pelas dioceses -quando foram investigados, diz. Em alguns episódios de suposto abuso sexual infantil, a Igreja não notificou as autoridades legais ou os serviços responsáveis por crianças e famílias.
Entre as razões dadas para não revelar as acusações estão que o padre ou clérigo já tinha morrido ou renunciado quando a diocese soube do caso.
“Ao escolher não investigar cuidadosamente as acusações, a Igreja Católica falhou em sua obrigação moral de fornecer aos sobreviventes, paroquianos e ao público uma contabilidade precisa de todos os comportamentos sexuais inadequados envolvendo padres em Illinois”, afirmou Madigan.
Em comunicado, o cardeal Blase Cupich, arcebispo de Chicago, expressou “novamente o profundo arrependimento de toda a Igreja por nossos fracassos em combater o flagelo do abuso sexual cometido por clérigos”.