Os serviços de sanitização, que prometem eliminar vírus e bactérias dos ambientes com mais eficiência do que uma faxina comum, ganharam mercado nos últimos meses com o avanço do novo coronavírus.
“Até o início da quarentena, não tínhamos sanitizado mais do que 100 metros quadrados. Nos últimos quatro meses, porém, chegamos a 3,5 milhões de metros quadrados. De quatro máquinas, pulamos para 162”, diz Renato Ticoulat, 62, responsável por trazer a franquia norte-americana Jan-Pro ao Brasil, em 2011.
Com 400 franquias em todos os Estados, a Jan-Pro cobra R$ 5 pela higienização do metro quadrado -um produto exclusivo, EnviroShield, é pulverizado no ambiente e consegue chegar a cantos e ranhuras impossíveis de alcançar com um esfregão.
Segundo Ticoulat, 40% dos atuais clientes fecharam contrato durante a pandemia.
Francisco Brant de Carvalho, 65, sócio da agência de investimentos Ultrahigh, é um deles. Ele contratou a limpeza para suas três salas, que somam 200 metros quadrados e abrigam outros cinco sócios.
“Para minha surpresa, os clientes já voltaram a pedir reuniões presenciais. Contratei a sanitização e adotei uma série de protocolos para que eles se sentissem mais seguros.”
O físico Emilio Muno, 49, tornou-se concorrente da Jan-Pro. Antevendo a oportunidade que a pandemia representaria para o setor de limpeza profissional, ele investiu R$ 30 mil para fundar, no final de março, a empresa UVC.
O cardápio de serviços inclui várias opções: sanitização química simples ou premium, que promete efeito prolongado de até três meses, além de sanitização através de raios ultravioleta e com ozonizador.
INVESTIMENTO
Os resultados superaram tanto a expectativa do empreendedor que ele já fez um novo aporte de R$ 20 mil para comprar mais equipamentos.
Dos 80 clientes atendidos, 70% são de pequeno porte, como salões de beleza e consultórios dentários.
“Muitos empresários estão acordando tarde para a questão e só pensam em contratar o serviço depois que um ou mais funcionários são infectados. O correto é fazer a limpeza preventiva”, diz.
Embora a demanda pela sanitização seja crescente entre empresas, o mercado doméstico também tem engordado o faturamento de companhias como a Mary Help.
José Roberto Campanelli, 65, fundador da rede de franquias de serviços em geral, com sede em São José do Rio Preto (SP), conta que 60% da sua clientela é composta por residências.
Ele passou a oferecer o serviço de sanitização em meados de abril e, com isso, conseguiu recuperar a saúde financeira da empresa. “O faturamento chegou a cair 70% no início da quarentena, porque ninguém queria ter diaristas em casa. Quando lancei a sanitização, porém, voltei a faturar 80% do que faturava antes”, afirma.
Já a rede de franquias Maria Brasileira, que também passou a oferecer o serviço durante a pandemia, descobriu que os condomínios residenciais podem ser ótimos clientes. Quem afirma é o fundador da rede, Felipe Buranello, 32.
“Eles contratam a desinfecção periódica, até duas vezes por mês, e são uma ótima saída para as franquias menores. A rentabilidade desse tipo de serviço é bem maior do que a de diárias simples”.