Foi flagrado indícios de mordomias desfrutadas por detentos da unidade: toalhas bordadas com nome de Cabral, cigarro eletrônico, assistente virtual, celulares e TV com acesso à internet
Juiz Bruno Monteiro Ruliere ordenou nesta terça-feira a transferência do ex-governador Sérgio Cabral e outros detentos para Bangu 1. Em sua decisão o magistrado determinou ainda que os presos fiquem isolados dos demais reclusos.
A decisão foi tomada após uma vistoria feita pela Justiça e pela Corregedoria da PM no Batalhão Especial Prisional (BEP), em Niterói, que flagrou indícios de mordomias desfrutadas por detentos da unidade: toalhas bordadas com nome de Cabral, cigarro eletrônico, assistente virtual, celulares e TV com acesso à internet.
O presídio é administrado pela Polícia Militar, que há dois anos tem um processo de compra de dois aparelhos de raios-X que ajudariam na detecção da entrada de objetos proibidos.
Além de Cabral, outros cinco detentos que estão no BEP e também serão levados a Bangu 1: o tenente-coronel Cláudio Luiz Oliveira e o tenente Daniel Benitez, policiais militares condenados pela morte da juíza Patrícia Acioli; o vereador Mauro Rogério Nascimento de Jesus, o Maurinho do Paiol, que é PM reformado; e os capitães Marcelo Baptista Ferreira e Marcelo Queiroz dos Anjos.
Para a transferência do grupo, a Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) fez um remanejamento de presos para liberar totalmente uma das quatro galerias de Bangu 1. No presídio, há outros detentos conhecidos, como Glaidson Acácio dos Santos, o Faraó dos bitcoins, preso por aplicar o golpe da pirâmide financeira. O traficante Marco Antonio Pereira Firmino, conhecido como My Thor, está na Penitenciária Federal de Catanduvas, em São Paulo e deve ser levado para Bangu 1 nos próximos dias por decisão da Justiça.
— É com absoluta perplexidade que recebemos a informação, pela imprensa, da decisão de transferência do ex-governador para um presídio de segurança máxima sem haver, sequer, um processo administrativo disciplinar para elucidação dos fatos narrados. Como se não bastasse, o descumprimento dessa garantia básica impediu a defesa de ter acesso formal às informações veiculadas, apesar dos pedidos dirigidos ao juízo prolator da decisão, bem como as razões que embasam e justificam tal determinação — diz Patrícia Proetti, advogada de defesa do ex-governador Sérgio Cabral.
A Penitenciária Laércio da Costa Pellegrino, conhecida como Bangu 1, foi construída em 1987 para abrigar presos de maior periculosidade, por isso, também passou a ser chamada de cofre. O presídio é dividido em 48 celas distribuídas por quatro galerias.
— A decisão proferida pelo Juiz da Vara de Execuções Penais narra a existência de suposições sem qualquer embasamento ou provas. É inaceitável que a defesa tome conhecimento dos fatos e das decisões através da imprensa ao mesmo tempo em que se vê impedida de exercer o contraditório e a ampla defesa, apesar de todos os requerimentos apresentados. É importante ressaltar que os policiais militares e o ex-governador correm sério risco de vida e à integridade física ao serem colocados em um presídio ocupado por pessoas que eles prenderam ou que foram presas em suas gestões. A defesa irá recorrer da decisão — afirma Patricia Proetti, que também é advogada de defesa do tenente-coronel Claudio Luiz Silva.
Informações de OGLOBO