quinta-feira, 16 maio 2024

De bom humor, iraniano recebe nova medalha Fields após furto

Bastante aplaudido em um auditório lotado, o matemático iraniano de origem curda Caucher Birkar, 40, recebeu ontem sua nova medalha Fields, popularmente conhecida como o “Nobel da matemática”. A cerimônia ocorreu no mesmo palco onde ele foi agraciado com a medalha original, furtada logo após a premiação.
O incidente ocorreu na quarta-feira, na cerimônia de abertura do Congresso Internacional de Matemáticos, o mais importante evento da matemática, que ocorre no Rio.
Na ocasião, também foram laureados o italiano Alessio Figalli, 34, o alemão Peter Scholze, 30, e o indiano Akshay Venkatesh, 36.
Birkar recebeu a nova distinção das mãos do presidente da União Internacional Matemática, Shigefumi Mori. De bom humor, o matemático agradeceu por estar no palco recebendo a medalha pela segunda vez em menos de uma semana. Ele minimizou o roubo dizendo que o mais importante era o prêmio, não o objeto, sobretudo diante de sua história de vida.
“Já aconteceram coisas tão difíceis na minha vida que, comparada a isso, o roubo da medalha foi quase uma piada”, disse.
Caucher Birkar nasceu no Irã, na cidade curda de Marivan, bastante afetada pela guerra Irã-Iraque dos anos 1980, e estudou matemática na Universidade de Teerã antes de ir para o Reino Unido em 2000. Depois de um ano, ele recebeu o status de refugiado, tornou-se um cidadão britânico e começou seu doutorado no país, na Universidade de Nottingham.
No final de seu breve discurso ele agradeceu à recepção recebida no Brasil. “Encontrei aqui um ambiente muito amigável, e o que aconteceu não vai mudar em nada minha impressão.”
O pesquisador é professor na Universidade de Cambridge, na Inglaterra. Sua área de pesquisa é geometria algébrica, que, grosso modo, estuda a interconexão entre a geometria e a teoria dos números.
A reparação a Birkar foi possível porque, além das quatro medalhas entregues na quarta, existe também uma extra, “virgem”, na qual apenas foi necessário gravar o seu nome.
A medalha sobressalente seria exposta na sede da União Internacional de Matemática, em Berlim. Forjadas em ouro 14 quilates, as medalhas são confeccionadas no Canadá e valem aproximadamente R$ 15 mil. Em um de seus lados está gravado o rosto de Arquimedes, um dos maiores matemáticos da história. Também há a inscrição em latim “Transire suum pectus mundoque potiri” -que significa “superar os limites da inteligência e conquistar o universo”.
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