sexta-feira, 10 maio 2024

Denúncias chegam por rede social, PABX e maridos

As denúncias de abusos sexuais contra o médium João Teixeira de Faria, 76, conhecido como João de Deus, não param de chegar para promotoras do Ministério Público de São Paulo.

“Estão vindo de todos os lados. Chegam pelas redes sociais pessoais [das promotoras] e oficiais do Ministério Público. Pelo WhatsApp, Telegram, Facebook, email pessoal e institucional e até por colegas, que conhecem vítimas, e nos avisam”, afirma a promotora Silvia Chakian.

No sábado, 13 mulheres contaram ao programa Conversa com Bial, da TV Globo, e ao jornal O Globo terem sido violentadas sexualmente pelo médium. Desde então, dezenas de mulheres já relataram à imprensa ou às autoridades terem sido vítimas de crime sexual cometido por João de Deus.

Para a promotora Gabriela Manssur, a divulgação dos casos encoraja outras mulheres a fazerem denúncias. “É impressionante o efeito cascata. Desde sexta-feira, a cada hora vem um email, WhatsApp, ligação, um pedido de ajuda de todo o Brasil”, diz.

Manssur afirma que até maridos têm procurado o Ministério Público para denunciar situações que afetaram suas companheiras.

“Pelos relatos que estamos recebendo, não há nenhum elo entre essas pessoas. São perfis diferentes. Você percebe que é uma narrativa com sentimento, verdade e sede de Justiça”, conta.

Segundo a força-tarefa em São Paulo, apenas na manhã de segunda-feira chegaram 12 emails. “No total são 40 relatos, ainda que informalmente, de fatos graves”, diz Manssur.

As promotoras afirmam que ainda não é possível afirmar o número exato de denúncias, porque é preciso que as mulheres compareçam ao MP e formalizem o depoimento.

O OUTRO LADO 
A defesa de João de Deus nega as acusações. O advogado do médium, Alberto Toron, diz que ele recebeu com “indignação” a notícia de que é acusado de crime sexual e está à disposição das autoridades para esclarecimentos. Ele critica a falta de identificação de parte das mulheres -que argumentam temer represálias.

Distribuidora retira filme sobre João de Deus de circulação após acusações 
A distribuidora brasileira Paris Filmes informou ontem que retirou o documentário “João de Deus – O Silêncio É uma Prece” de todas as plataformas digitais.

No filme, lançado em maio nos cinemas, o diretor carioca Candé Salles registra o trabalho de cirurgias espirituais na cidade goiana de Abadiânia. A obra compila depoimentos emocionados de algumas das pessoas que buscaram os serviços de João de Deus, mas não faz menção a denúncias de crime sexual.

Há também outro projeto de filme sobre o médium. “João de Deus – O Filme” foi autorizado a captar até R$ 4 milhões de renúncia fiscal via Lei do Audiovisual. A produtora responsável pelo projeto não se manifestou.

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