sexta-feira, 3 maio 2024
SAÚDE

Estudo mapeia os principais genes envolvidos contra a dengue

Pesquisadores compararam dados relativos à resposta imunológica induzida por infecção natural e por vacinas
Por
Redação
Foto: Divulgação/Governo do Estado de SP

Ao comparar dados relativos à resposta imune resultante de uma infecção natural por dengue com os da ativação imunológica decorrente de vacinas contra a doença, pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) identificaram marcadores moleculares que podem servir, no futuro, para o desenvolvimento de novas vacinas e terapias contra esse vírus.

O trabalho também reiterou a eficácia da resposta imune induzida por dois imunizantes já disponíveis no mercado: o Qdenga, desenvolvido pelo laboratório japonês Takeda Pharma e atualmente distribuído pelo Sistema Único de Saúde (SUS), e o Dengvaxia, do laboratório francês Sanofi- Pasteur. Ambos utilizam a tecnologia de vírus atenuado.

“Realizamos uma abordagem sistêmica e identificamos várias semelhanças entre a resposta induzida pela vacina e a de uma infecção natural pelo vírus. Claro que, no caso dos imunizantes, eles promoveram a resposta imune sem causar o dano da dengue. No estudo, também conseguimos caracterizar algumas vias (de sinalização entre células de defesa). E a via do interferon (mediada por essa proteína antiviral produzida pelos leucócitos e por fibroblastos) se mostrou central, com vários genes importantes que surgem como novos biomarcadores da doença”, conta à Agência Fapesp Otávio Cabral-Marques, professor da Faculdade de Medicina (FM-USP) e coordenador da investigação.

Apoiado pela Fapesp por meio de dois projetos (18/18886-9 e 20/01688-0) e divulgado na revista Frontiers in Immunology, o estudo é o primeiro a identificar assinaturas imunológicas da dengue por meio de uma abordagem chamada vacinologia sistêmica, campo de pesquisa que busca decifrar um quadro global das respostas imunológicas à vacinação.

No trabalho, os pesquisadores analisaram 955 amostras de transcriptoma (conjunto completo de moléculas de RNA expressas) de pacientes infectados pelo mosquito da dengue e de participantes de ensaios clínicos de imunizantes contra a doença. Os dados foram obtidos de bancos públicos. Desse modo, foram identificados 237 genes diferencialmente expressos tanto nos casos de infecção natural, quanto de resposta às vacinas.

“Com base em 20 desses genes em comum, conseguimos criar um painel para distinguir a gravidade da doença, particularmente na fase aguda tardia. Por meio de técnicas de aprendizado de máquina, também foi possível classificar dez preditores (assinaturas imunológicas) de gravidade da doença nos casos de infecção natural e que são cruciais para a resposta imune antiviral”, explica Desirée Rodrigues Plaça, primeira autora do estudo e bolsista de doutorado da Fapesp.

Além de ser causada por quatro sorotipos virais (DENV1, 2, 3 e 4), a dengue é marcada por diferentes fases clínicas. Quando não é assintomática, a doença apresenta a fase aguda inicial, aguda tardia e convalescente.

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