sábado, 18 maio 2024
VACINAÇÃO

No Dia Nacional da Imunização atenção para baixas nas coberturas vacinais

Prevenir é sempre melhor do que remediar e o maior desafio é a vacinação de crianças
Por
Jaqueline Durões
Foto: Divulgação / Agência Brasil

No dia 09 de junho comemora-se o Dia Nacional da Imunização. Esta data serve para conscientizar a população brasileira para a importância da imunização, como forma de reduzir a mortalidade e as internações causadas por inúmeras doenças.

No caso de anticorpos não produzidos pelo corpo, é preciso, por exemplo, a aplicação de vacinas, a fim de adquirir imunidade contra várias doenças. Por isso é necessário promover o acesso à imunização para todas as idades, pois a vacinação deixou de ser exclusividade somente das crianças, e hoje adolescentes, adultos, gestantes, idosos e viajantes precisam conhecer os programas de imunização específicos para cada um.

A vacinação é a forma mais segura e eficiente para prevenção de várias doenças. Consequentemente, é importante que a população participe das campanhas e procure um profissional especializado nos postos de saúde para manter o cartão de vacinas em dia.

Natália Bastos, pediatra que atende desde pacientes recém-nascidos a adolescentes. Ela lembra, porém, que o atendimento pediátrico, sobretudo nas emergências de todo o Brasil, mudou radicalmente ao longo das últimas décadas. Ela relata como exemplo a triagem de crianças com suspeita de meningite. “Antigamente, a gente tinha inúmeras crianças esperando para fazer punção lombar, a gente já não tinha vaga no isolamento. Hoje, os residentes mal têm como fazer a punção lombar porque, graças a Deus, são poucas as crianças com quadro de meningite devido à vacinação”.

A médica em meio a um consultório repleto de brinquedos, vestindo um jaleco decorado com temas de desenhos infantis, admite que o maior desafio é lidar com os pais, porém quando o assunto é a imunização dos pequenos. “No caso da vacina da gripe, por exemplo, sempre lançam fake news, dizendo que a dose não é segura, que contém cepa antiga, que não protege contra novos sorotipos. Tenho que ficar trabalhando pra desmistificar essas informações e garantir que a vacina é segura e protege as nossas crianças”.

Ela complementa dizendo: “Temos também o exemplo da vacina contra a covid e como ela mudou o aspecto padrão da pandemia. Hoje, a gente pode sair sem máscara na rua graças à vacinação em amplo espectro”.

Renato Kfouri, pediatra e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), o Dia Nacional da Imunização funciona como uma oportunidade para reforçar a urgência na retomada das altas coberturas vacinais em todo o Brasil. Este ano também comemora os 50 anos do Programa Nacional de Imunizações, primeiro programa de imunizações estruturado da região das Américas.

“O Brasil foi pioneiro no continente na eliminação de doenças, na erradicação e no controle de outras. Certamente a data nos remete a esse histórico de conquistas, a todos os avanços que conseguimos em 50 anos de um programa de vacinação que, infelizmente, nos últimos anos, vem sofrendo abalos na sua estrutura, falta de investimento na sua manutenção, desconfiança da população no valor da vacinas e chegada de grupos antivacina que têm colocado todas essas conquistas sob risco”.

De acordo com Kfouri, o momento é de celebração e, ao mesmo tempo, de preocupação. “Não há exagero nenhum em dizer que o país está sob risco de retorno de diversas doenças já erradicadas”, alertou, ao citar que, atualmente, três em cada dez crianças que completam 1 ano de idade no país estão sem as três doses contra a poliomielite. “E não só isso. O Brasil não faz uma boa vigilância de casos suspeitos, não monitora o vírus em esgoto. A Organização Pan-americana da Saúde (Opas) classifica o Brasil, junto com Haiti, Honduras e Peru, como um dos países de mais alto risco de reintrodução da poliomielite. É um risco real”.

Na lista de doenças que voltaram a assombrar o país inclui ainda a rubéola, a rubéola congênita, a difteria, o tétano e o sarampo. Renato Kfouri explicou: “Na verdade, são todas as doenças, mas essas estão em um radar mais próximo em função do risco mais acentuado pela epidemiologia da região”.

“O que tem diminuído a cobertura vacinal num país tão grande e desigual como o nosso não são os mesmos fatores. O que faz uma pessoa não se vacinar numa grande metrópole não é, certamente, o mesmo que motiva a não vacinação em outras regiões do país. É preciso enfrentar cada uma dessas realidades, dificuldades de comunicação são fundamentais, acesso, treinamento e capacitação dos profissionais de saúde. Precisamos investir muito também na produção de vacinas, para não haver falta”.

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