sábado, 27 abril 2024

Paulinho da Força é alvo da Lava Jato de SP por suspeita de crime eleitoral

A PF (Polícia Federal) cumpriu na manhã desta terça-feira (14) mandados de busca e apreensão contra o deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força (Solidariedade-SP), em ação conjunta com o Ministério Público Eleitoral, por suspeita de crime eleitoral (caixa 2).

A operação, intitulada de “Dark Side” (ou lado escuro, em inglês), é um desdobramento da Lava Jato em São Paulo e considerada uma primeira fase de ações policiais sobre eventuais crimes cometidos por políticos relacionados às eleições.

Além do político, também são investigados o 2º secretário executivo nacional do Solidariedade, José Gaspar de Ferraz de Campos, e o advogado Cristiano Vilela de Pinho, que é genro de Paulinho.

A operação faz uma referência à Força Sindical, entidade que tem Paulinho como um dos seus principais nomes, por meio de uma expressão da série de filmes Star Wars.

Foram cumpridos sete mandados de busca e apreensão em São Paulo e Brasília, inclusive no gabinete de Paulinho na Câmara dos Deputados e em sua residência na capital paulista, e houve o bloqueio judicial de contas bancárias e imóveis dos investigados, segundo informou a PF.

O INQUÉRITO

O inquérito policial começou em 2019, com a delação premiada de acionista e executivos do Grupo J&F, controlador do frigorífico JBS, dos irmãos Joesley e Wesley Batista. As investigações citam a colaboração de Joesley e do executivo do grupo Demilton Antônio de Castro.

A investigação apurou a existência de doações eleitorais não declaradas (caixa 2) durante as campanhas eleitorais dos anos de 2010 e 2012, no valor total de R$ 1,7 milhão.

Os pagamentos teriam ocorrido por meio da simulação da prestação de serviços advocatícios e do pagamento de valores em espécie, com a ajuda de doleiros contratados.

Os investigados podem responder por crimes de falsidade ideológica eleitoral e lavagem de dinheiro, com penas de três a dez anos de prisão.

“Identificamos robustos indícios da transferência desses valores da conta bancária da empresa JBS para a conta do escritório de advocacia do genro do parlamentar (Paulinho). Nós avançamos a investigação em relação a essa transferência e identificamos que na verdade houve uma simulação da prestação de serviços advocatícios”, disse o delegado da PF Milton Fornazari Jr. “Além disso, nós identificamos indícios também de pagamentos em espécie feitos por doleiros do grupo JBS para o então candidato”, acrescentou.

Segundo ele, há indícios de que Paulinho “recebia esses valores por meio dos seus assessores em um comitê eleitoral no bairro da Aclimação, em São Paulo”.

A operação Dark Side é primeira fase da operação Lava Jato junto à Justiça Eleitoral de São Paulo desde o entendimento do Supremo Tribunal Federal que reafirmou a competência da Justiça Eleitoral para crimes conexos aos eleitorais.

CONDENADO

No início de junho, a 1ª Turma do STF (Supremo Tribunal Federal) condenou o deputado federal Paulinho da Força a 10 anos e 2 meses de prisão por desvio de verbas públicas do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). O parlamentar foi denunciado pela PGR (Procuradoria-Geral da República) por atuar em benefícios da rede de lojas Marisa e da Prefeitura de Praia Grande, no litoral paulista, em três empréstimos junto ao banco estatal que somaram R$ 524 milhões.

Paulinho foi condenado por crime contra o Sistema Financeiro Nacional, lavagem de dinheiro e associação criminosa.

O colegiado também determinou a perda do mandato parlamentar e a interdição para exercer função pública. O parlamentar, porém, anunciou que recorrerá da decisão, o que pode atrasar o início do cumprimento da pena.

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