domingo, 19 maio 2024

Alma baiana, coração barbarense

Um verdadeiro conto de fadas que se transformou em realidade. Essa frase resume um pouco a trajetória da baiana Eliane Raquel de Souza, ou “Preta”, como também é conhecida. Em 2017, ela conheceu pela Internet o homem que seria responsável pela maior mudança em sua vida. Por amor a ele, saiu da Bahia e decidiu encontrá-lo no mundo real, em Santa Bárbara d’Oeste.
Ao conhecê-lo pessoalmente já não tinha mais dúvidas de que ele era o escolhido do seu coração. Mas como não se vive apenas de amor, necessitava de uma fonte de renda para se manter na cidade, e foi assim que surgiu a ideia de se transformar em uma empreendedora.
Com um sobrenome fictício que já explica o seu perfil, o de guerreira, e que foi adotado após muitas lutas que teve de enfrentar nos últimos anos, Preta não teve medo de recomeçar literalmente do zero numa área na qual nunca havia trabalhado: a da gastronomia.
Inicialmente, optou pela venda de panquecas e empadas, mas, em pouco tempo, foi influenciada por muitas pessoas a buscar dentro dela suas próprias raízes nordestinas.
E por quê, então, não vender um dos pratos típicos da Bahia, o acarajé? Porém, havia um único problema: ela nunca havia feito. Mesmo assim, decidiu arriscar.
Apesar da dificuldade em encontrar matéria-prima – comprou azeite de dendê pela primeira vez em Campinas, mesmo achando mais caros que no Nordeste -, depois de algumas tentativas conseguiu, finalmente, fazer seu primeiro acarajé e se surpreendeu com o resultado, chegando a chorar de emoção porque se assemelhava ao que estava acostumada a comer em sua terra natal.
Aos poucos, outras pessoas foram provando e aprovando o prato, e ela ganhou a confiança que faltava para fazê-lo.
Seus quitutes foram ficando conhecidos e pouco mais de um ano depois de sua chegada à região, ela se transformou na proprietária do “Sabores da Preta”, especialista em comidas típicas da Bahia.
O sucesso e aceitação da gastronomia de Preta foi tão bom que ela foi convidada para participar no ano passado pela primeira vez do Festival Gastronômico de Santa Bárbara d’Oeste.
A experiência foi tão gratificante que ela espera repetir a dose na edição deste ano, que será realizada em dezembro, mês de aniversário dos 200 anos da cidade.
“Preta” é mais uma personagem na série de reportagens que o TodoDia vem publicado sobre o aniversário da cidade.
Dentre as opções do cardápio da baiana destacam-se o próprio acarajé, vatapá, carurus e abarás, da maneira como são feitos na Bahia. Eliane é também coordenadora regional da ABAM (Associação de Baianos e Baianas de Acarajé e Mingau).
AMOR VIA INTERNET
Com 52 anos – completados ontem -, Eliane se orgulha por todas as conquistas que vem acumulando.
Desde pequena, ela se recorda que já observava a mãe na cozinha, e quando ela saía para trabalhar cabia a Eliane a tarefa de fazer a comida para os irmãos mais novos.
Com isso, ela foi aprendendo a cozinhar precocemente. Teve um filho, hoje com 27 anos, e lutou para criá-lo sozinho. Também passou por um infarto aos 45 anos, mas nada tirou seu brilho e alegria de viver.
Ela conta que, no início do ano passado, estava navegando pela Internet quando recebeu um convite de Luis Paulo Camilo (53), morador de Santa Bárbara d’Oeste. Na época, não deu muita importância por ele ser de outro Estado, mas depois de um tempo começaram a se falar por mensagens, até que de uma simples amizade surgiu um interesse mútuo para que se conhecessem no mundo real.
“Eu estava numa fase muito difícil, desempregada e meio deprimida, mas uma amiga decidiu me ajudar e comprou uma casa que eu tinha de herança e também me ajudou com a passagem de avião. E foi assim que vim parar em Santa Bárbara”.
A chegada à cidade foi em 21 de abril de 2017. Esse foi o dia que ela atribui à grande mudança de vida, pois quando o viu, a sensação era como se já o conhecesse há muito tempo. “O amor que já vinha nascendo pela Internet somente ganhou força depois que nos conhecemos e não conseguimos mais nos separar”.
No entanto, era preciso ajudá-lo com as despesas de casa. E mais uma vez, o destino se encarregou de dar uma “mãozinha”. Eliane relembra que o pontapé que precisava para mudar de vida aconteceu justamente ao fazer a marmita do marido. Naquele dia havia cozinhado panqueca de carne seca com aipim. “Quando ele abriu a marmita e exalou aquele cheiro de comida todos os amigos quiseram provar. E foi assim que comecei a fazer algumas marmitas por encomenda”.
Além das panquecas, fazia também empadas e depois foi expandindo as receitas, e se tornando conhecida. Nessa época também começaram a aparecer convites para participar de eventos e feiras de gastronomia, como a de Santa Bárbara.
Atualmente, ela e o marido comandam o “Sabores da Preta”, em Americana, mas ela diz que seu coração pertence a Santa Bárbara, porque foi lá que sua história de amor, e também a trajetória profissonal, se iniciou, e onde pretende voltar a morar em breve. “Tenho um grande amor e carinho por Santa Bárbara porque nossa história começou assim que conheci aquela cidade”, resume ela.
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