sexta-feira, 19 abril 2024

Em ato histórico, Unicamp protesta contra cortes

Cerca de oito mil pessoas – entre estudantes, professores, pesquisadores e funcionários da Unicamp – lotaram o Ciclo Básico do campus da Cidade Universitária, em Campinas, no começo da tarde de ontem, e aprovaram em assembleia extraordinária uma moção pública contra o corte de recursos pelo governo nos repasses de verbas que sustentam as pesquisas. 

O primeiro a empunhar o microfone foi o reitor, Marcelo Knobel, que considerou o dia histórico. Ele lembrou a gravidade do momento, afirmando que o contingenciamento de verbas afeta as bolsas de estudo e paralisa o avanço tecnológico. Milhares de integrantes da comunidade interna da Unicamp ergueram as mãos em um dos momentos mais emocionantes do ato. 

Não se via um manifesto de tal porte na Unicamp desde que uma outra assembleia extraordinária protestou contra a ingerência do ex-governador Paulo Maluf nos rumos da universidade, no começo dos anos 80, ainda durante o regime militar. 

“A comunidade acadêmica da Unicamp manifesta sua indignação diante dos reiterados ataques contra a educação e a ciência perpetrados no Brasil nos últimos meses, e conclama a sociedade a unir-se em defesa da universidade pública gratuita, laica, socialmente referenciada e de qualidade”, diz a moção, elaborada em consenso, pelos representantes da Reitoria, da Adunicamp (Associação dos Docentes da Unicamp), STU (Sindicato dos Trabalhadores da Unicamp), DCE (Diretório Central dos Estudantes) e da APG (Associação de Pós-Graduandos da Unicamp). 

E o documento continua. “Neste momento preocupante da história nacional, caracterizado por uma crise econômica e política sem precedentes, é vital que as universidades públicas reafirmem seu valor e ressaltem a importância da autonomia para o cumprimento de sua missão”. 

O mesmo manifesto também foi marcado pela participação de lideranças sociais e políticas, que discursaram a favor dos direitos humanos, da sustentabilidade e da diversidade. 

MENOS VERBAS 

A assembleia extraordinária foi realizada no contexto de uma drástica redução de recursos federais destinados ao financiamento de bolsas e demais auxílios à pesquisa. O CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) registrou este ano um déficit de R$ 330 milhões, a Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), de R$ 800 milhões, e a Finep (Financiadora de Inovação e Pesquisa) está paralisada pela falta de recursos necessários para honrar compromissos assumidos, de acordo com a Unicamp. 

 
Com Redação

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