Decisão ocorre em meio ao avanço das investigações da CPI da Covid que apontam diversas irregularidades no contrato; ruptura não elimina as penalidades que podem ser aplicadas
O governo brasileiro rescindiu nesta sexta-feira (27) o contrato para a compra de vacinas da Covaxin com a Bharat Biotech, representada na época pela Precisa Medicamentos — alvo de investigação da CPI da Covid. A decisão é unilateral. O contrato previa a compra de 20 milhões de doses da vacina, mas foi suspenso após suspeitas de irregularidades.
A informação foi divulgada pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede), que destacou o papel da Comissão Parlamentar de Inquérito. “A CPI impediu um golpe de mais de 1 bilhão de reais do povo brasileiro! Ahh se não fosse a CPI, hein?”
URGENTE! Nessa madrugada, o Ministério da Saúde RESCINDIU o contrato de aquisição da Covaxin, que envolvia a Precisa. A CPI impediu um golpe de mais de 1 BILHÃO de reais do povo brasileiro! Ahh se não fosse a CPI, hein? pic.twitter.com/UfGWm6Cs4B
— Randolfe Rodrigues ?? (@randolfeap) August 27, 2021
A oficialização do fim da parceria encerra as negociações que tiveram início em fevereiro deste ano. A compra dos imunizantes contra a covid-19 se tornou alvo da Comissão Parlamentar de Inquérito, no Senado, após o esquema irregular ser apontado por depoentes. Com o avanço das revelações sobre como foi negociada a vacina, a Polícia Federal e o Ministério Público passaram a investigar o caso.
O termo de rescisão salienta que, apesar da ruptura do contrato, podem ser aplicadas penalidades “bem como a apuração de responsabilidade civil e administrativa, em procedimentos específicos”.
O preço que o Brasil aceitou pagar pela vacina indiana Covaxin está acima do valor das demais contratadas pelo país. As vacinas da Jansen e parte das vacinas da Pfizer custaram US$ 10 a dose. Já a Coronavac, vendida pelo Instituto Butantan, custou menos de US$ 6 a dose.
Até o momento, não há respostas concretas sobre os motivos que levaram a gestão federal a optar pela vacina mais cara, diante de outras opções mais baratas.
A reportagem entrou em contato com a Precisa para saber qual é o posicionamento da empresa diante da posição do Ministério da Saúde. Até o momento, a empresa não deu retorno.
Precisa lamentou fim do acordo com a Bharat
Na última segunda-feira (23), a Precisa Medicamentos havia lamentado o fim do acordo com a Bharat Biotech, laboratório indiano responsável pela fabricação da vacina.
Em nota, a Precisa chamou a decisão de “precipitada”. Na altura, a Precisa declarou que o fim do acordo “prejudica o esforço nacional para vencer uma doença que já ceifou mais de 500 mil vidas no país”.
“É ainda mais lastimável porque [o fim do acordo] é consequência direta do caos político que se tornou o debate sobre a pandemia, que deveria ter como foco a saúde pública, e não interesses políticos”
por Precisa Medicamentos
No mesmo comunicado, a Bharat disse que mantinha a intenção de trabalhar com a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para complementar o processo de obtenção de aprovação regulatória da vacina no Brasil.