Um astronauta e um príncipe entraram na disputa pela vaga de vice-presidente na chapa de Jair Bolsonaro (PSL), que ainda procura opções no meio militar para o posto.
Líder das pesquisas em cenários sem Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que está preso e deverá ser declarado inelegível, Bolsonaro queria a advogada Janaína Paschoal como sua vice.
Co-autora do pedido de impeachment de Dilma Rousseff em 2016, ela chegou a sentar ao lado do presidenciável em sua convenção no domingo. Mas, ao discursar, irritou Bolsonaro e seus aliados com uma fala pedindo moderação e criticando apoio cego ao deputado.
O desgaste catapultou Marcos Pontes, 55, o primeiro brasileiro a ir ao espaço, para o topo das preferências de Bolsonaro para a vice. Pontes é filiado ao PSL do presidenciável e já havia sido anunciado por ele como seu ministro da Ciência e Tecnologia, em caso de ser eleito.
Bolsonaro se rasga em elogios a Pontes, que é um tenente-coronel reformado da Força Aérea. Em 2006, ele foi enviado à Estação Espacial Internacional em uma nave russa Soiuz, num golpe de propaganda do governo Lula, que pagou US$ 10 milhões pela carona sem fins científicos notáveis.
Para horror de alguns apoiadores do presidenciável, Pontes já foi socialista. No caso, filiado ao PSB, partido pelo qual disputou uma vaga na Câmara em 2014, colhendo 43.707 votos e uma suplência. Em 2013, distribuiu o livreto “O Menino do Espaço”, no qual descrevia virtudes de forma apologética.
Outro nome que está sendo considerado pelo deputado é o do príncipe Luiz Philippe de Orléans e Bragança, da Casa Imperial Brasileira. Fundador do movimento antipetista Acorda Brasil, em 2014, o príncipe não está na linha de sucessão direta do trono abolido em 1889.
Tem 49 anos e filiou-se ao PSL de Bolsonaro, inicialmente para disputar uma vaga na Câmara por São Paulo. Dois sites ligados a Bolsonaro o apontaram, em enquetes de internet, como um bom vice, o que fez o príncipe dizer em rede social que não havia nenhum convite formal.
Janaína, apesar da resistência, ainda não está totalmente descartada da disputa. Ela agregaria um verniz feminino à imagem de Bolsonaro, francamente negativa entre as mulheres segundo pesquisas qualitativas. E o deputado ainda trabalha com a possibilidade de trazer um nome do meio militar, preferencialmente um general de quatro estrelas.
Um de seus favoritos, o general da reserva Augusto Heleno, havia topado a empreitada. Bolsonaro até indicou um partido nanico para ele se filiar, o PRP, mas literalmente esqueceu de combinar com os caciques da sigla. Resultado: ela não topou aliar-se ao PSL, deixando Bolsonaro e Heleno a pé.
Outro general polêmico por suas declarações, Hamilton Mourão, é citado entre apoiadores de Bolsonaro como opção. É filiado ao PRTB, que só fará sua convenção no prazo limite de 5 de agosto.
A dificuldade de Bolsonaro havia começado no ninho das candidaturas tradicionais. Gostaria de ver o senador Magno Malta (PR-ES) na sua chapa, e efetivamente o político evangélico o está apoiando, mas não houve acordo com o seu partido. Integrante do Centrão, o PR estava inclinado a Bolsonaro, mas acabou fechando com Geraldo Alckmin (PSDB).