sábado, 27 abril 2024

Ford tenta tranquilizar clientes e diz que manterá assistência técnica no país

Ao digitar a palavra Ford no principal buscador da internet, o primeiro link que surge diz: “A Ford não vai sair do Brasil”. Após anunciar na segunda-feira (11) o fechamento de todas suas fábricas no país, a montadora luta para convencer os consumidores a não desistirem da marca.

A própria montadora propõe a pergunta que todo proprietário deve estar fazendo agora: “Meu carro pode desvalorizar porque a Ford está encerrando a produção do mesmo?”.

Em resposta, a fabricante diz que “como qualquer outro produto, com o passar do tempo, o valor do carro tem uma tendência natural de desvalorização, o que é uma condição normal de mercado, válida para todas as marcas. Para assegurar sua tranquilidade, a Ford continuará honrando a garantia do seu veículo e oferecendo assistência total com operações de vendas, serviços e peças de reposição”.

A empresa também orienta os consumidores que estiverem dentro de um processo de compra – tendo dado um sinal, por exemplo – e que querem desistir do negócio devido ao fechamento das fábricas. “Você deve dirigir-se ao concessionário onde a compra foi efetuada e solicitar o cancelamento da mesma de acordo com a regulamentação prevista no Código de Defesa do Consumidor”, diz texto no site da montadora.

Enquanto nos mercados europeu e norte-americano o encerramento da produção de um veículo gera uma corrida às lojas em busca de descontos, o fim da linha é um tabu no Brasil. As montadoras evitam comentar sobre a descontinuação de um carro para não afugentar clientes.

Ainda atônita com a notícia, a Abradif (Associação Brasileira dos Distribuidores Ford) não quis se pronunciar. A rede concessionária aguarda a chegada de novos modelos importados – o Bronco virá do México e a van Transit será trazida do Uruguai – para saber como será o comportamento do consumidor diante dessa nova fase da montadora.

Além dos temores das lojas, a preocupação está instalada entre os sistemistas. Há medo de uma onda de demissões e até falência de empresas devido ao fechamento das fábricas.

PROTESTO

Nesta terça-feira houve protesto e mobilização dos trabalhadores na fábrica de Taubaté (SP). O sindicato tenta negociar para evitar as demissões, estimadas em 5 mil trabalhadores nas três unidades a serem fechadas (Taubaté, Camaçari, na Bahia, e Horizonte, no Ceará). Em assembleia, os trabalhadores definiram uma agenda de mobilização que inclui vigílias, uma plenária virtual e um novo protesto, amanhã, em frente à Câmara de Taubaté. Também ficou definida a articulação de reuniões com representantes do poder público.

‘Ford quer subsídios’, diz Bolsonaro

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou nesta terça-feira (12) que faltou à Ford “dizer a verdade” sobre o que motivou sua saída do Brasil e afirmou que a empresa queria a continuidade de benefícios fiscais no país. “Mas o que a Ford quer? Faltou à Ford dizer a verdade, querem subsídios. Vocês querem que continue dando R$ 20 bilhões para eles como fizeram nos últimos anos – dinheiro de vocês, impostos de vocês- para fabricar carros aqui?”, declarou o presidente, na saída do Palácio da Alvorada.

Na conversa com apoiadores nesta terça, Bolsonaro também criticou a imprensa e afirmou que, num ambiente de negócios, empresas que não têm lucro encerram suas atividades.

O presidente disse ainda lamentar pelos 5 mil empregos perdidos.

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