sábado, 4 maio 2024

Guedes diz que Brasil pode virar Venezuela com erros na economia

O ministro Paulo Guedes (Economia) afirmou que o Brasil pode virar uma Argentina ou uma Venezuela rapidamente caso continue aumentando seu endividamento e tome decisões erradas de política econômica.

“Para virar a Argentina, seis meses; para virar Venezuela, um ano e meio. Se fizer errado, vai rápido. Agora, quer virar Alemanha, Estados Unidos? [São necessários] dez, quinze anos na outra direção”, afirmou.

A declaração foi feita durante conversa gravada na sexta-feira (26) e veiculada nesta terça-feira (2) pelo podcast Primocast.

Guedes defendeu o controle do endividamento público, contrapartidas para o auxílio emergencial e a execução da agenda liberal – dizendo que ela abrirá um caminho de prosperidade para o país.

“Você prefere juro baixo, muito investimento, emprego, renda, Bolsa subindo, todo mundo ganhando, estourando champanhe, um país da prosperidade, ou prefere ir para a Venezuela?”, questionou o ministro em outro momento.

Guedes deu as declarações dias depois de as ações da Petrobras registrarem forte queda na Bolsa após o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) anunciar a troca do presidente da estatal em meio a críticas à política de preços dos combustíveis.

Guedes defendeu privatizações como a da Eletrobras para, inclusive, gerar recursos para os mais carentes. Sem citar nomes, criticou o uso de estatais para benefício da classe política e financiamento de campanhas eleitorais.

Em sua visão, os lobbies de empregados também travam a tarefa. “Está cheio de gente pendurada lá com salário alto, benefício, aposentadorias muito boas, férias que pode vender para a empresa. Tem muitos privilégios”, disse.

Em certo momento, ao mencionar a Petrobras, o ministro chegou a criticar uma frase usada recentemente pelo próprio Bolsonaro. “Tem uma turma que começa: ‘o petróleo é nosso’. É nosso? Então dá para a gente. Vamos dar para o povo brasileiro. Vamos pegar os dividendos da Petrobras e entregar uma parte para o povo brasileiro”, afirmou Guedes.

“Ou paga dividendos ou vende e dá dinheiro para eles. O que não pode é ficar gerando prejuízo para eles”, disse o ministro, citando a ideia de criar um fundo para receber tais recursos.

Na semana passada, Bolsonaro citou a frase após anunciar a troca no comando da estatal. “O petróleo é nosso ou é de um pequeno grupo no Brasil?”, indagou o chefe do Executivo no dia 22.

Guedes defendeu que o auxílio emergencial seja aprovado no Congresso com as contrapartidas de ajuste fiscal em médio e longo prazo previstas na PEC (proposta de emenda à Constituição) Emergencial. No texto, há previsão de itens como o congelamento de salários no setor público em momentos de calamidade pública e de aperto orçamentário.

Em sua visão, liberar o benefício sem as compensações “seria caótico para o Brasil, teria um efeito muito ruim”.

Ele afirmou que continuará no cargo enquanto tiver a confiança de Bolsonaro e não tiver que empurrar o Brasil para o caminho errado.

“Se eu estiver conseguindo ajudar o Brasil, fazendo as coisas em que acredito, eu devo continuar. A ofensa não me tira daqui. O que me tira é a perda da confiança do presidente, ir para o caminho errado. Se eu tiver que empurrar o Brasil para o caminho errado, eu prefiro não empurrar. Isso não aconteceu”, afirmou.

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