sexta-feira, 19 abril 2024

São Paulo pagará R$ 1.000 ao ano a alunos do ensino médio para mantê-los na escola

  Benefício será para 300 mil estudantes da rede estadual em situação de vulnerabilidade

Pesquisas apontam que a evasão escolar pode triplicar em razão da pandemia – Divulgação

O governador de São Paulo, João Doria, anunciará nesta quinta-feira (19) que pagará uma bolsa de estudos para estudantes do ensino médio mais vulneráveis, na tentativa de que não abandonem a escola. Serão beneficiados 300 mil alunos da rede estadual, e cada um deles receberá, no total, R$ 1.000, valor dividido em parcelas mensais.

Pesquisas apontam que a evasão escolar pode triplicar em razão da pandemia e atingir entre 30% e 40% dos alunos da rede pública.

Os beneficiados serão aqueles inscritos no Cadastro Único do governo federal, o CadÚnico, que lista famílias de pobreza e extrema pobreza (renda mensal de até três salários mínimos ou até meio salário mínimo por pessoa), a serem contempladas por programas sociais. Além disso, será necessário também se cadastrar, de 30 de agosto a 10 de setembro, no site do Bolsa do Povo.

Do total de 1,24 milhão de estudantes do ensino médio da rede paulista, 267 mil (21,5%) fazem parte do CadÚnico. Como serão distribuídas 300 mil bolsas, sobram 33 mil, e o governo estuda selecionar alunos do 8º e 9º ano. Ao todo, a rede estadual tem 3,5 milhões de alunos, dos quais 770 mil são de pobreza ou de extrema pobreza.

Alunos receberão os R$ 1.000 por ano. Em 2021, eles receberão o valor proporcional ao ano letivo. O governo estuda escalonar o pagamento de forma que os valores aumentem a cada mês.

Os alunos deverão ter frequência escolar mínima de 80%, fazer provas e estudar de duas a três horas por dia pelo aplicativo do Centro de Mídias SP. No caso do 3º ano, além dessas exigências, será necessário realizar atividades de preparo para o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), que seleciona estudantes para universidades.

A verba de R$ 400 milhões a ser investida nas bolsas de estudo virá da Secretaria de Educação de São Paulo. O programa é um braço do Bolsa do Povo Educação, anunciado em julho, que pagará R$ 500 mensais a 20 mil pais e mães de estudantes, entre agosto e dezembro deste ano.

Eles já foram selecionados e, a partir da próxima semana, irão trabalhar nas escolas, durante quatro horas por dia, auxiliando no cumprimento dos protocolos sanitários, no acolhimento dos alunos e na chamada busca ativa, que tenta resgatar aqueles que não estão participando das aulas.

No ensino médio, em especial, as chances de recuperação dos estragos da pandemia tendem a ser menores, uma vez que há pouco tempo para que o conteúdo seja reposto até a formatura. Uma iniciativa do governo paulista para tentar atenuar essas lacunas foi o lançamento, neste ano, do 4º ano opcional, que teve pouco sucesso. Dos cerca de 310 mil alunos do 3º ano de 2020, apenas 10% se inscreveram.

Apesar de estarem matriculados no 4º ano, na prática, eles foram colocados nas turmas de 3º. A intenção era a de que pudessem recuperar, em aulas presenciais, o conteúdo perdido com o ensino remoto do ano passado. Como neste ano o sistema online prosseguiu, no entanto, houve pouco engajamento.

A Secretaria de Educação ainda não consolidou os dados sobre a frequência desses alunos, mas já tem informação de que não foi significativa. Apesar disso, o secretário de Educação, Rossieli Soares, pretende manter o 4º ano opcional em 2022, quando se espera que as aulas presenciais estejam ocorrendo mais próximas da normalidade.

Os estudantes do 4º ano podem optar por um currículo mais flexível, desde que cursem pelo menos três disciplinas. Outra tentativa de se reduzir a evasão escolar se dá por meio da implementação do novo ensino médio, já em andamento, no qual os estudantes podem escolher diferentes currículos, formados por disciplinas pelas quais tenham mais interesse.

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