sábado, 20 abril 2024

Reforma da previdência desafia os mais velhos

As novas regras para aposentadoria, em vigor desde 13 de novembro, exigirão dos brasileiros mais tempo no mercado de trabalho. 

Ainda que essa exigência faça sentido para a saúde financeira da Previdência, a realidade de quem tenta seguir trabalhando após os 50 anos não é tão bem resolvida, e conseguir uma vaga no mercado fica mais difícil. 

Com uma população vivendo mais, a tendência é que o período produtivo dos brasileiros também aumente. No entanto, o ainda existente preconceito etário, a adoção de novas tecnologias no trabalho e a necessidade de adaptação contínua a novas formas de seleção para uma vaga afastam os trabalhadores mais velhos. 

Monica Riffel, presidente da consultoria MaturiLAB, diz que as empresas ainda não estão prontas para olhar os trabalhadores com mais de 50 anos como candidatos potenciais. 

“Os próprios RHs ainda precisam estudar melhor como vão fazer com que essas pessoas não percam seus empregos ou como abrir possibilidades de trazer trabalhadores maduros. O que a gente vê hoje é que a questão do etarismo passou a ser um pilar da diversidade, e você vê um preconceito com a idade.” 

O problema é pior para aqueles com baixa escolaridade. Segundo estudo o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), 10,5% dos homens entre 50 anos e 64 anos não trabalhavam, nem estavam aposentados, por ainda não terem atingido as exigências do INSS. São os nem-nem da maturidade e, em 2017, 7 em cada 10 pessoas nessa situação tinham menos de 60 anos. 

Para as pesquisadoras do Ipea Ana Amélia Camarano, Daniele Fernandes e Solange Kanso, o preconceito dos empregadores e uma percepção negativa sobre a capacidade de adaptação dos trabalhadores em fase de envelhecimento às mudanças tecnológicas e organizacionais, além de expectativa de gasto maior com afastamentos e produtividade menor, pesam nessa conta. 

Mas o cenário começa a mudar e vai ser cada vez mais necessário. Hoje, cerca de 15% dos brasileiros têm mais de 60 anos. O IBGE projeta que, em 2055, o percentual terá dobrado. É quando os jovens que saíram da faculdade recentemente estarão chegando aos 60 anos. 

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