domingo, 5 maio 2024
MAPA DA FOME

Pesquisa mostra aumento de brasileiros em situação de fome em pouco mais de um ano

125,2 milhões de brasileiros apresentaram viver em Insegurança Alimentar no Brasil em 2022; números de extrema pobreza subiram para 33,1 milhões
Por
Isabela Braz
Foto: iStockphoto

Segundo dados da Rede Pensann (Rede Nacional de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional) divulgados nesta segunda-feira (26), mais da metade da população brasileira apresentou algum grau de insegurança alimentar no país entre 2021 e 2022.

São 125,2 milhões de brasileiros que apresentam algum grau de insegurança alimentar, sem ter a certeza de que teriam algo para comer em todas as refeições.

Desse número, 33,1 milhões de brasileiros – representando 15,5% dos lares do país – chegam a passar fome, sem ter acesso a alimentação básica com facilidade. Comparado ao primeiro inquérito que mapeou a fome nos lares brasileiros, publicados em 2021, 14 milhões brasileiros entraram no registro entre 2020 e 2022.

Esses dados refletem a realidade de 3 em cada 10 famílias em todo o país, que relataram incerteza quanto ao acesso a alimentos em um futuro próximo e preocupação em relação à qualidade da alimentação no futuro imediato.

Na região Sudeste, esse número se mantém na mesma quantidade que o âmbito nacional – 3 em cada 10 famílias relataram redução parcial ou severa no consumo de alimentos, representando 27,4% desta população.

As formas mais severas de insegurança alimentar (moderada ou grave) atingem fatias maiores da população nas regiões norte (45,2%) e nordeste (38,4%).

A rede mapeia os dados entre segurança alimentar, aqueles que não passam fome; a insegurança alimentar leve, quando a pessoa tem a incerteza quanto ao acesso a alimentos em um futuro próximo e/ou quando a qualidade da alimentação já está comprometida; moderada, com a quantidade insuficiente de alimentos; e a grave, quando o indivíduo é privado de alimentos e passa fome.

A falta de acesso a alimentação adequada trouxe de volta o país a uma situação de regresso ao mapa da fome – tendo o pior índice desde 2004, quando o país conseguiu sair do índice da ONU (Organização das Nações Unidas).

A pesquisa registrou dados de 12.745 domicílios, de 577 municípios distribuídos em todos os 26 estados da Federação e do Distrito Federal. Foram obtidas informações de 35.022 domicílios, com a margem de erro de 0,9 pontos percentuais.

Corte de raça e gênero
Segundo o inquérito, de 2004 a 2013, o país conseguiu erradicar a questão da pobreza alimentar de 9,5% para 4,2% dos lares brasileiros. Hoje, esse número abrange 15,5% das casas brasileiras

Mas, a fome também afeta na questão de raça e gênero, a análise dos dados mostra que 6 de cada 10 domicílios cujos responsáveis se identificavam como pretos ou pardos viviam em algum grau de insegurança alimentar, enquanto nos domicílios cujos responsáveis são pessoas brancas, mais de 50,0% tinham segurança alimentar garantida.

A fome também foi mais frequente em lares chefiados por pessoas pretas, com 20,6%, seguidas de pardos, com 17% e brancos com 10,6%.
Na questão de gênero, as mulheres também são as que passam mais fome. Segundo apresentado, 6 de cada 10 lares comandados por mulheres convivem com a insegurança alimentar.

Nas casas em que a mulher é a pessoa de referência, a fome passou de 11,2% para 19,3%. Nos lares que têm homens como responsáveis, a fome passou de 7,0% para 11,9%. Segundo a Rede Pensann, isso ocorre por questão de outros fatores, como a desigualdade salarial entre os gêneros.

Para a rede que realiza a pesquisa, a destruição de políticas públicas e a desativação de projetos sociais voltados a questão da alimentação “estão na raiz do problema deixando grande parte da sociedade desprotegida diante dos efeitos da crise sanitária que agravou a crise econômica que a antecedeu”.

É possível conferir a pesquisa completa na íntegra pelo site www.olheparaafome.com.br

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